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OPINIÃO: Banrisul


O Banco do Estado do Rio Grande do Sul, criado a 12/09/1928, pelo então governador (presidente) do Estado - Dr. Getúlio Dornelles Vargas, absorveu o espólio falimentar do Banco Pelotense. Em sintonia com os ideais sociais que permeavam aquela época, visava ordenar o crédito e fomentar a produção, servindo de instrumento às políticas desenvolvimentistas do governo. Em 1960, o governo do Estado criou a Caixa Econômica Estadual com a visão de proporcionar o microcrédito e incentivar a poupança. Governos posteriores, em 1998, acabaram com a Caixa e incorporaram seu acervo ao Banrisul.

O BRDE - Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - foi criado em 15/06/1961, sendo o governador Leonel Brizola que, juntamente com os governos do Paraná e Santa Catarina, formaram essa aliança financeira destinada a alavancar a economia dos três Estados. As citações acima foram feitas com a finalidade de demonstrar que os bancos estatais, na sua origem, guardam ideais de benefício social. O crédito bancário deveria ser unicamente direcionado à produção e financiamentos sociais (casa própria, empresas solidárias etc.).

O rentismo, ou seja, o lucro financeiro obtido com especulações e juros exorbitantes e inconstitucionais, chama-se usura e foi denunciada por Alberto Pasqualini em seu Pensamento Político. O liberalismo econômico, tão na moda atualmente, convive com um sistema financeiro divorciado dos interesses nacionais. Enquanto o país geme há quase um lustro com a estagnação e o desemprego, o sistema bancário exibe lucros bilionários, num escárnio público de indiferença. E esses lucros bilionários são necessários à sua sobrevivência, pois se destinam a remunerar seus acionistas e valorizar suas ações nas bolsas. Os governos estão submetidos a esse sistema, pois dependem desses capitais para poder vender seus títulos da dívida pública. Sem esses recursos não conseguem cobrir os déficits orçamentários, cada vez maiores. Ao final, essa história triste se resume em impostos cobrados do povo em escala crescente e insuportável.

Até mesmo o BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, criado em 1952, durante o governo do presidente Getúlio Vargas, foi contaminado com o vírus da corrupção e da politicagem apátrida, não tendo sido usado para alavancar o desenvolvimento brasileiro, e sim para financiar outros objetivos (políticos e ideológicos). O Rio Grande do Sul está sendo pressionado a vender o Banrisul para amortizar uma pequena parcela de uma dívida impagável, resultado da cobrança de juros exorbitantes, impostos usurariamente pelo governo federal. Por muito menos do que isso, em 1835, os gaúchos se levantaram em armas e, por 10 anos, sustentaram uma luta gloriosa contra os opressores imperiais. Na atualidade, essa história fica lembrada somente para demonstrar a situação vergonhosa em que nos encontramos. Nem ao Judiciário não podemos recorrer, pois nos chantageiam com ameaças de não prosseguirem na negociação do "acordo".

Isso que nos devem quantia igual - de acordo com a Lei Kandir - e não nos pagam! Vamos aguardar o novo governador e o novo governo federal para ver em que resultará toda essa celeuma. Alguns pessimistas andam dizendo que o futuro titular do Ministério da Fazenda é durão e a coisa poderá piorar. Como não estamos sós nessa condição de penúria e o mal atinge quase toda a Federação, é de se esperar, com uma grande dose de otimismo, que as soluções patrióticas de sobrevivência nacional se sobreponham às determinações frias de um modelo econômico que não deu certo. Esperemos que o bom senso e o patriotismo prevaleçam. O Brasil precisa mudar!

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